quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

12/01/2014 - Maratona Disney

Mais uma vez tive o privilégio de participar desta corrida sensacional.
Novamente, o foco da viagem era o passeio com a família, e "já que" estávamos lá, por que não correr?
Desde já peço que os leitores compreendam que este relato é um tanto quanto extenso, já que são vários detalhes que gostaria de deixar registrados.
Após minha surpreendente participação na maratona de Porto Alegre (junho/2013), sub-4h, e do mais surpreendente ainda récorde pessoal na meia-maratona, 1h42 (julho/2013), estabeleci um objetivo para lá de ousado na maratona Disney: 3h47, igual ao récorde pessoal do meu amigo Hideaki.
Para isso eu precisava treinar muito.
Um dos muitos segredos da maratona é treinar muito. E isso eleva o cuidado para não se lesionar. Não pode exagerar demais. Só pode exagerar um pouco.
Dentro do possível, eu treinei bastante. Não foi uma preparação perfeita, mas foi boa.
Um fator profissional acabou ajudando e atrapalhando ao mesmo tempo. Em outubro e novembro estive em um projeto pesado, trabalhando das 7h às 19h de 2ª a sábado, sem feriados. Em dezembro aliviou um pouco, mas ainda fiz várias horas extras, todos os dias. Isso ajudou (bastante) na parte financeira, mas atrapalhou (um pouco) o ritmo de treinos. No saldo, mais ajudou que atrapalhou. Consegui fazer umas adaptações nos treinos e tudo bem.
No final de dezembro comecei a sentir um pequeno incômodo no joelho direito. Aliviei os treinos, inclusive porque já estava previsto aliviar a carga mesmo. Ao chegar na Flórida, em janeiro, fiz alguns treinos na esteira do hotel, e não senti mais aquele incômodo.
O ritmo dos passeios antes da corrida não foi pesado, e acho que não atrapalhou. Mesmo assim, estava em dúvida se conseguiria atingir o objetivo original de 3h47. Teria que estar tudo perfeito no dia da corrida.
Alguns dias antes da prova, desta vez não no sábado, fui retirar o kit. Não foi tão emocionante como em 2012. Achei a camiseta bem simples, nem se compara à anterior. Mas deu para ver a medalha do Mickey. Essa sim era show!
Na véspera da corrida passei no Walmart para comprar meu café da manhã de domingo. Tentei dormir cedo, mas não foi uma noite das melhores. Eu não estava me sentindo 100%, ainda que também não tivesse nenhum problema sério.
Acordei bem cedo, fiz o que precisava e saí para o local de largada. A temperatura também não estava tão baixa quanto eu gostaria. Eu lembrava que em 2012 fazia 7°C, mas agora estava na casa de 15°C. Temperatura boa, mas eu preferia abaixo de 10°C.
Meu plano original, se estivesse mais frio, era correr com uma camisa de manga comprida por baixo de outra, de manga curta, como em 2012. Dado o clima mais ameno, fui só de manga curta.
Estacionei o carro no Epcot e fui encontrar alguns conhecidos com quem tinha combinado. Batemos um papo bacana e fomos para as baias de largada. Eram "só" umas 16 baias! A minha era a quinta, "curral E".
Cheguei na minha área e fiquei meio impressionado: só caras de corredores fortes. Pensei: "o que estou fazendo aqui?". Carinha do meu lado com camiseta de Boston!!! Meu Deus! E eu já meio conformado que aquele dia não era para o meu récorde pessoal.
Nos minutos que fiquei aguardando a minha largada deu tempo de replanejar a prova, calcular as parciais que eu poderia fazer, e acabei me contentando com qualquer tempo próximo a 4h15. Esse é o tempo que eu poderia ter feito em 2012 se não tivesse andado no final.
Sem mais enrolação, vamos finalmente à corrida.
Largada super organizada, cada um no ritmo proposto. Os primeiros minutos são para sentir como o corpo está. Minha única preocupação mais relevante era o joelho, e aparentemente estava tudo bem.
Comecei de forma conservadora, com um ritmo meio lento, e conforme fui aquecendo passei a adotar um passo um pouco mais forte.
Ainda era noite naquele início de prova. A torcida estava presente em vários pontos do percurso. Nas regiões mais desertas, a organização punha atrações para animar os corredores. Mesmo assim, ainda havia alguns trechos bem escuros, onde o único som era o dos tênis tocando o asfalto. Lembranças que cada corredor leva consigo.
Percurso diferente do de 2012, desta vez passamos pelo Magic Kingdom ainda de noite. O tradicional castelo da Cinderela todo iluminado. A foto não ficou tão boa, mas dá para ter uma ideia.
A essas alturas, chegando próximo aos 10km, meu ritmo já estava abaixo de 6min/km, correndo fácil, sem sentir algum desgaste relevante. Parece bom, mas pode ser uma armadilha. Ainda era muito cedo para uma previsão otimista. Pelo menos, por outro lado, também dava para descartar uma previsão pessimista.
Saímos do primeiro parque e entramos numa pista de corrida oval, onde disputam provas automobilísticas. Outra novidade em relação a 2012. Vários carros alinhados, antigos e modernos, um espetáculo condizente com os padrões Disney. Emparelhei com um outro Fábio, do clube Paineiras, e conversamos um pouco.
Achei que tinha uma foto de lá, mas parece que não tem. Vamos em frente...
Um longo trecho de estrada até o segundo parque, fui mantendo um ritmo meio forte, abaixo de 5:30/km. Eu não estava muito preocupado em forçar, pois não tinha mais o objetivo do récorde. Por outro lado, também não tinha motivo para economizar. Tinha que guardar apenas o suficiente para ir até o final. É o famoso "dar o melhor de si, dentro do possível".
O segundo parque era o Animal Kingdom, dentro do qual passamos a marca da meia maratona, já com o dia clareando. Passar os 21,1km na casa de 1h56 de certa forma me surpreendeu. "Será que dá para arriscar um sub-4h?" Até aquele momento eu não tinha pensado nisso. "Será que eu forcei mais do que deveria no começo? Será que posso quebrar? Será que avaliei mal minhas condições reais? Será que estou melhor que imaginava?"
Por mais que meus treinos não tenham sido 100%, foram muito bons. Eu tinha feito uma boa rodagem, tinha uma boa base. Mas eu também sabia como estava me sentindo antes da largada, sabia que não estava 100%. Tinha que ser prudente, até certo ponto.
Então, o que fazer? Continuar naquela pegada, ou segurar um pouco?
Como mencionei antes, não era dia para economizar. Continuei na mesma passada. Até acelerei um pouco. Parcial do km 23, segundo o GPS, 4:56. Também não era para tanto, né? Voltei para a casa dos 5:30/km, que já estava de bom tamanho.
Fotinha do Animal Kingdom, com o famoso Monte Everest:
Depois deste parque, nos dirigimos para o ESPN Wide World of Sports. O GPS temperamental simplesmente parou de funcionar. Nem percebi, pois não estava prestando muita atenção a ele. Só vi que tinha travado depois que acabei de correr. Mesmo assim, fiquei chateado pela falta de registro após o km 27. Então, a partir daqui, vou fazer referência ao tempo do relógio, que eu marcava nas milhas pares.
Na milha 14, aproximadamente 22,5km, fiz minha melhor parcial de 2 milhas: 16.52. Nas duas parciais seguintes ainda mantive um ritmo bom: 17.35 e 17.27
Dentro do complexo esportivo, alguns lugares bacanas: estádio de baseball e pista de atletismo. Comecei a sentir que não iria conseguir manter aquele ritmo forte, e ainda faltava um longo caminho até a chegada. Aliviei o passo, paciência. Parcial na marca de 20 milhas (32km): 18.45
Fotinha no estádio de baseball:
Aí chega aquele ponto onde eu sabia que faltava pouco, cerca de 10km, mas as forças já estavam acabando. A motivação é um fator importantíssimo nesta hora, e eu tinha consciência e experiência neste quesito. Mas motivação também não faz milagre. Ajuda muito, mas não corre sozinha.
Estava chegando ao Hollywood Studios e eu estava naquele impasse. Para piorar, comecei a sentir um mal estar desagradável. Não teve jeito: andei um pouco. Essa caminhada poderia destruir minha motivação, e eu tomei muito cuidado para que isso não acontecesse. Aliás, eu tomei tanto cuidado que, tão logo aquele mal estar desapareceu, voltei a trotar com muita confiança, ainda que lento. Milha 22, parcial de 20.30.
Passei pelo Hollywood Studios bem lento, mas firme. Fotinha para registrar:
Deste parque para o último, Epcot, era perto. A prova acabando, e tinha que usar tudo que ainda tinha, ainda que fosse pouco. Parcial da milha 24: 23.51. Lento, mas consistente.
Eu já não me importava tanto com o tempo. Estava passando pela área dos resorts. Lembrava bem do sofrimento que passei ali em 2012. Mas desta vez eu estava motivado, não desanimei.
Cheguei ao fatídico lago do Epcot, onde quebrei em 2012. Desta vez seria diferente, não ia desanimar. Estava correndo bem lento, me arrastando. As forças já na "reserva", mas a chegada estava perto. Dilemas, antíteses, mas nada disso importava mais. Just keep running. Foco, raça, superação, emoção. O coral gospel não empolgou tanto como em 2012, mas ainda deu uma forcinha antes da grande chegada.
A retinha de chegada é um show especial, com arquibancada e tudo, mas eu já estava no bagaço. Não tinha força nem para um sprintzinho mixuruca. Queria apenas aparecer bem na foto de chegada, um pequeno luxo que me permito como maratonista. Vi que o lado esquerdo estava mais livre e fui por ali.
Pronto. Missão cumprida.
O tempo final foi bom: 4h07. Fiquei contente com esse tempo.
Como escrevi em algum outro lugar, poderia ter sido melhor. Também poderia ter sido pior. No fim das contas, foi um bom tempo.
Pós prova: fiquei completamente quebrado.
Após pegar a belíssima medalha e o kit generoso (não tanto quanto 2012, senti falta dos refrigerantes), fui lentamente e melancolicamente me dirigindo ao estacionamento. Foi quase deprimente sentir fortes ânsias perto do cesto de lixo. Só não passei vexame porque não tinha nada para sair. Triste.
Por outro lado, de certa forma isso foi um "bom" sinal. Sinal de que eu não economizei. Não dava para ter ido melhor. Fiz tudo que eu podia, e isso é importante para mim.
Depois do mal estar relatado, fui lentamente me recuperando, ainda que estivesse muito desgastado. Dirigi até o hotel sem problemas, apenas com uma cautela extra por conta da minha situação.
Cheguei ao quarto e não consegui fazer muita festa com minhas mulheres. Uma pena, pois era hora de compartilhar a alegria de mais uma conquista. Mas minha recuperação foi muito lenta, e não consegui celebrar da forma que gostaria, naquele momento. Foi apenas uma comemoração discreta.
Após o banho, fiquei mais de uma hora na piscina-jacuzzi do hotel. Fui comendo e bebendo o que dava, tentando me recuperar direito. Demorou, mas aos poucos fui melhorando.
Dia seguinte: parque, claro. Ainda sentindo alguns poucos sintomas da corrida, mas consegui aproveitar o objetivo principal da viagem.

GPS (travou depois de 27km): http://www.endomondo.com/workouts/285657345

Marcação pessoal a cada 2 milhas:
19.16 - 2 milhas
18.26 - 4 milhas
17.58 - 6 milhas
17.38 - 8 milhas
17.04 - 10 milhas
17.26 - 12 milhas
16.52 - 14 milhas
17.35 - 16 milhas
17.27 - 18 milhas
18.45 - 20 milhas
20.30 - 22 milhas
23.51 - 24 milhas
24.16 - 26.2 milhas

Resultado oficial:
Clock Time: 4:17:37
Net Time: 4:07:00
Overall Place: 2197 of 19198
Gender Place: 1610 of 9501
Age Division Place: 333 of 1597

Próximo objetivo: Maratona de NY em novembro/2015, provavelmente no dia do meu aniversário de 41 anos. Até lá, várias outras provas, se possível alguns triathlons.

2 comentários:

Ines disse...

Gostei muito de ler o relato de sua participação na Maratona. Muito legal! Parabéns pela conquista e pelo foco nas corridas.
Vou ficar torcendo para NY 2015!!!!
bjs,
Inês

Fabão disse...

Obrigado, Inês.
Agora posso planejar com calma essa nova "aventura" em NY.
bjs
Fabio