Uma semana após meu récorde pessoal nos 21km, fui para esta prova sem me preocupar em correr rápido.
Tentei encontrar o Claudião Dundes antes da largada, mas só encontrei outros conhecidos como o Geraldo, o Sidney, o Tom e o Lau.
Minha largada foi na segunda onda e, apesar de meio cheio de gente, consegui ir no ritmo planejado a partir da marca de 1km.
Logo após a largada encontrei o Lau, e fomos juntos até a chegada. Ele estava de staff da Corpore, para o caso de algum corredor precisar de atendimento.
Fomos controlando o passo para fechar perto de 2h.
O percurso desta prova não é dos mais fáceis. Tem algumas subidas e descidas onde precisa de uma técnica mais apurada que os percursos mais planos. Como já corri esta prova algumas vezes, não tive dificuldade.
Desta vez o clima estava mais quente que o normal para esta época. A hidratação foi satisfatória.
No final apertamos um pouco o ritmo e fechamos em 1h58.
Meu primeiro semestre de 2013 foi focado na Maratona de Porto Alegre. Minha preparação me deu segurança para fazer 2 meia maratonas sub-1h50. Com isso eu fiquei elegível para ganhar a camiseta do Desafio Contra Relógio Asics.
Além de ganhar a camiseta, também resolvi me inscrever para essa prova do circuito Golden Four, que tem fama de ser rápido. Em parte eu queria prestigiar o apoio ao Desafio, e também queria por no currículo essa prova. Com relação à performance, eu não sabia se conseguiria correr tão rápido, iria depender da minha recuperação pós-maratona.
Voltando de Porto Alegre, permiti-me tirar 2 semanas de "férias" dos treinos. Em seguida retomei as atividades com uma rodagem baixa, sem foco na meia maratona. Fui para a prova com um objetivo não muito ambicioso: 1h50. Não é um tempo ruim, mas também não é o meu melhor.
No sábado fui buscar o kit na Expo Golden Four. Aproveitei para levar minhas filhas, que aproveitaram bastante a boa estrutura do espaço. Elas adoraram correr na pista que media a velocidade máxima. A Karina até recebeu massagem! Depois foram tirar foto com o Adriano Bastos, de quem viraram fãs após saber que ele é octacampeão da maratona Disney.
Na parte matinal do sábado eu tinha passado por uma pequena dor estranha na região abdominal. Não foi algo grave, e também não consegui identificar o motivo, já que não parecia relacionado a esforço nem à parte digestiva. A Dayane sugeriu que pudesse ser gases, o que não é comum para mim. Tomei um Luftal e depois de algumas horas a dor sumiu. Como disse, nada grave. Mas deixou uma pulguinha de dúvida se eu estava bem para correr no domingo.
Enfim, fui para a prova ainda pensando em correr o mais rápido que eu pudesse, dentro do cenário possível.
Domingo cedo saí de Barueri ainda escuro, por volta das 5:30. Na estrada a neblina estava forte, e tive que ir mais lento que o normal. Mas cheguei à região da prova com bastante tempo de folga. Não consegui fugir dos flanelinhas desta vez, mas pelo menos gastei meus R$10 com um vigia da região, que ficou lá o tempo todo.
Antes de ir para a região da largada fiquei andando pela arena do Joquei Clube. Encontrei alguns conhecidos e fui ao banheiro. Depois, deixei o agasalho no carro e fui para a largada.
Um pequeno atraso para o início, e fomos para a prova. Minha área de largada era a verde, com marca de 1h50. Reparei que havia uma pessoa um pouco mais à frente com umas bexigas verdes, e imaginei que era o marcador de ritmo de 1h50.
Minha meta de passo médio era 5:10/km. Assim, fecharia os 21,1km em 1h50, talvez um pouco menos.
Nos primeiros quilômetros tentei manter as bexigas verdes a uma distância constante. Não quis forçar o ritmo logo no início. Eu poderia alcançar as bexigas mais para frente.
Passei a marca de 3km com 15min cravados. Eu estava um pouco mais rápido que o planejado. A próxima parcial abaixo de 5min me fez pensar em reduzir a velocidade. Só o que consegui foi não acelerar ainda mais. Apesar do frio de 10ºC, eu já estava aquecido e começava a forçar o passo de forma precoce. Todas as parciais seguintes foram abaixo de 5min. Havia uma pequena diferença entre as placas de km e a marcação do GPS. Independente disso, eu sabia que estava mais rápido que o planejado.
Outra referência era o marcador com as bexigas verdes. A distância parecia se manter constante, ora aumentando e ora diminuindo. Mas este caso também não estava ajudando muito, pois eu sabia que estava mais rápido que 1h50, e por isso estava desconfiado que o marcador também não faria este tempo.
Quando finalmente alcancei o marcador, descobri duas novidades: 1) era uma marcadora e 2) o ritmo era 1h45 (estava escrito na camiseta/colete). Até aquele momento eu não sabia qual seria meu tempo projetado, apenas desconfiava que era abaixo de 1h50. Alcançar a marcadora de 1h45 me colocava em posição de melhorar meu récorde pessoal (1h45:30). Estávamos por volta dos 11km e faltava menos da metade da prova. A temperatura continuava bem baixa, sem o menor sinal de Sol.
Resolvi tentar o récorde, e passei a marcadora. Minhas duas experiências anteriores com marcadores não foram muito legais, e desta vez nem tentei acompanhar. Melhor assim, pois acabei fazendo um ritmo mais rápido.
Lembrei que na corrida do meu récorde eu havia feito a primeira metade bem forte, e comecei a sentir um pouco de cansaço na segunda metade. Desta vez fiz a primeira metade um pouco forte, não tanto como em março, mas por outro lado não estava sentindo nenhum sinal de cansaço.
Continuei num ritmo constante até por volta de 15km, quando finalmente comecei a pensar se faltava muito para acabar. Adotei a estratégia da contagem regressiva ("faltam 6km, 5km, 4km...") e continuei mais ou menos no mesmo ritmo.
Já chegando perto do Jóquei novamente, tentei apertar um pouco o passo para melhorar o tempo final, mas não tive muito sucesso. Pelo menos não desacelerei, e mantive a média que fiz durante toda a prova. Apesar de não ter calculado o ritmo para quebra do récorde, eu sabia que o novo melhor tempo já estava garantido. Bastava cruzar a chegada e ver o resultado final.
Na última reta, ainda pensei em fazer um pequeno sprint de 500m, mas também falhei nisso. Sem problema. O tempo final de 1h42:33 foi excelente.
E, cumprindo uma profecia que proferi durante a prova, foi só eu passar a linha de chegada que o Sol começou a aparecer. Mesmo assim ainda estava frio. Bem frio (uns 14°C). Conversei com alguns conhecidos e fui me agasalhar. Minha camiseta estava ensopada de suor, e fiquei preocupado em não pegar uma gripe.
Agora, a partir do dia 29, inicio minha planilha para a maratona Disney 2014. Esta marca na meia Asics me abre uma perspectiva bem ousada para esta prova no exterior. Vamos ver se consigo fazer uma boa preparação para que esteja em condições de planejar um objetivo ambicioso para janeiro.
No final de
2012 montei minha planilha de treinos para a Maratona de SP 2013. Os treinos
começariam em janeiro, sendo a prova no final de abril. Tudo ia bem, até que em
fevereiro a (des)organização avisou sobre o cancelamento (oficialmente,
adiamento) da MSP. Foi um golpe duro para mim, mas depois de alguns dias decidi
replanejar meus treinos e correr em Porto Alegre.
Não costumo
correr muito longe de casa, já tendo sido chamado “carinhosamente” (e
corretamente) de bairrista. O custo e a logística, na minha opinião,
dificilmente se justificam. Abri uma exceção desta vez.
Procurei me
informar sobre a prova e demorei alguns dias antes de oficializar minha
participação. Tempo suficiente para que eu não tivesse novamente problema com o
adiamento (também) da Maratona de PoA, que passou do dia 9 para o dia 16 de
junho.
Durante meus
treinos eu percebi uma melhora significativa no meu preparo físico. Tanto que
fiz a Meia Maratona Yescom “com sangue nos olhos” para bater meu recorde
pessoal, e o tempo foi bem forte para os meus padrões (1h45:30). Várias outras
evidências em treinos e provas me indicavam que eu estava bem preparado. Mesmo
assim, minha previsão mais otimista para Porto Alegre era algo entre 4h10 e
4h15.
Minha
principal referência era minha performance na Maratona Disney 2012, quando fiz
4h20 em condições bastante favoráveis. Poderia ter feito 4h15 se não quebrasse
no final. Mas em Porto Alegre eu não esperava tanto frio como na Disney, então
um resultado ligeiramente mais rápido já estava de bom tamanho. Mesmo algo
ligeiramente mais lento também seria aceitável.
Logo que
comecei meus treinos, ainda em janeiro, passei de 80Kg para 75Kg de massa. Isso
me aliviou bastante de algumas dores que sentia no joelho. O uso de um novo
modelo de tênis, agora um Adidas Duramo que ganhei numa promoção, também foi
uma evolução positiva. Infelizmente, nas últimas 2 semanas antes da corrida os
treinos diminuem de intensidade, de forma que recuperei 1Kg dos 5 que já tinha
perdido. Paciência.
Uma semana
antes da viagem, meu foco era não pensar muito na corrida, para não alimentar
uma ansiedade desnecessária. Consegui manter um equilíbrio sadio entre os
vários assuntos que eu tinha que lidar. O cuidado com o sono e com a saúde
também estavam no radar. Tudo para chegar na prova em condições otimizadas.
Tudo pronto
para o fim de semana alvo, conferi se estava faltando algum detalhe e pus em
andamento o planejamento que havia criado.
Na sexta feira
à noite, após arrumar meus pertences, passei algumas orientações às minhas
mulheres e fui dormir cedo. Desta vez não daria para elas me acompanharem, a
fim de diminuir o custo já elevado da viagem.
No sábado eu
acordei cedinho, e saí de casa às 7h em direção a SP. Deixei o possante no
prédio dos meus pais, que me levaram de carona até o aeroporto de Congonhas.
Sem nenhum incidente que pudesse atrapalhar o percurso, acabei chegando bem
cedo e fiquei esperando o horário do voo.
Embarquei no
avião da Gol com destino a Porto Alegre bem no horário planejado, gastando
cerca de 1h20 até pousarmos em terras gaúchas. Desembarquei apenas com minha
bagagem de mão, decisão que havia tomado para evitar qualquer extravio
indesejado.
No saguão do
aeroporto havia um pessoal da organização que orientava sobre o translado até a
retirada de kits. Como já eram 12h, primeiro almocei por ali mesmo para,
depois, pegar a van até o Jóquei. O motorista gostava de dirigir “com emoção”
rsrs.
Neste ano,
pela primeira vez foi realizada uma expo-maratona junto à entrega de kits desta
prova. Fiquei por ali algum tempo, conversei com algumas pessoas, e depois fui
para o hotel.
Fiquei
hospedado no Master Express Cidade Baixa, hotel conveniado da prova, e o quarto
que me deram era bem agradável, exceto pelo cheiro de cigarro. Como dispunha de
uma pequena geladeira (frigobar), decidi comprar umas bebidas em um
supermercado perto. Depois eu assisti ao jogo de estreia do Brasil na Copa das
Confederações (Brasil 3x0 Japão) e fiquei pensando se iria ao jantar oferecido
por um amigo.
Decidi ir,
para socializar um pouco com os corredores da equipe Antílope. Peguei um taxi
até o bairro de Santo Antônio e encontrei o pessoal preparando uma macarronada.
Eram 19h, e ficamos conversando e ajudando um pouco o cozinheiro no que estava
ao nosso alcance. O tempo foi passando e eu fiquei um pouco preocupado com o
horário, pois queria dormir cedo. Lá pelas 21h, finalmente começamos a comer. E
lá pelas 21:30 eu discretamente chamei um taxi para voltar ao hotel. Acabei
dormindo umas 22h, mais tarde que o planejado, mas nada que comprometesse.
A rua do
hotel era meio barulhenta, e os pensamentos antes de conseguir dormir poderiam
atrapalhar meu descanso, mas graças a Deus eu já aprendi algumas “técnicas”
para driblar esse tipo de problema, que ajudam a minimizar qualquer possível insônia.
Acordei às
4:00 e me preparei para começar o grande dia. Na recepção haviam informado que
o horário do café era 5:00, mas que poderia ser antecipado para 4:45. Quando
questionei sobre 4:30 (horário informado quando eu ainda estava em Barueri), a
resposta foi negativa. Mesmo assim eu desci para o refeitório antes das 4:30, e
no fim das contas foi este o horário de abertura. Logo o pequeno salão estava
lotado de corredores, e fiz uma refeição leve.
Subi ao
quarto para os últimos detalhes, e desci para pegar a van até a largada.
Pontualmente às 5:30 saímos para mais um percurso “com emoção” (sim, era o
mesmo motorista que tinha me pegado no aeroporto).
Chegamos ao
Jóquei ainda escuro. Vários jovens saiam da balada, e nós nos preparando para
uma prova de resistência. Eu estava com um moletom de capuz, para me proteger do frio de cerca de 10°C. Depois deixaria o agasalho no guarda volumes. Fui ao
banheiro fazer o #1 por duas vezes, por conta do frio. Enquanto esperava o
tempo passar, tentava identificar algum corredor conhecido, mas nada.
Finalmente, quando o dia já estava clareando e o horário de largada se
aproximava, encontrei o pessoal da Antílope e ficamos conversando.
As mulheres,
que largavam às 7:00, se despediram e foram para a largada. Os homens foram
deixar as roupas no guarda volumes, e aproveitei para passar vaselina nas
regiões de maior atrito. Alguns colegas foram aquecer, mas eu preferi ficar ali
perto do portão principal. Já tínhamos subido para a largada quando eu resolvi
fazer um terceiro pipit-stop, com menos de 5 minutos para o início. Na volta,
ainda deu tempo de cumprimentar o pessoal e desejar uma boa prova a todos.
Largada
pontual às 7:15. Acabei ficando longe dos colegas e fui no meu ritmo, tentando
me concentrar na prova e avaliar como eu estava. Qualquer mínimo sinal de
ansiedade ou incerteza desapareceu logo nos primeiros quilômetros.
Logo no
início eu passei pelo Beto, que corria com um amigo. O Beto é natural de Porto
Alegre (atualmente morando em Barueri), e foi um grande anfitrião durante o fim
de semana. Infelizmente ele não conseguiu fazer um volume de treinos
satisfatório, e teve que ir num ritmo mais lento apenas para acabar a prova.
Lá pelo km 5
eu avistei o Jair (o macarronista) e, um pouco a frente deste, o Marco. Este
Marco é, na minha opinião, um corredor melhor e mais rápido que eu. Não me
preocupei em alcançá-lo, mas o simples fato de estar em um ritmo parecido com o
dele já me alertou que eu estava mais rápido que o planejado. Minha meta
original era rodar a 6min/km ou um pouco mais rápido no início, para poder ir
mais devagar no final.
O Jair eu
passei logo, mas o Marco eu fui diminuindo a distância bem lentamente. Passamos
ao lado do estádio Beira Rio, ainda em obras para a Copa 2014. À nossa
esquerda, o Rio Guaíba. A manhã de céu claro e ainda sem Sol marcava uma
temperatura na casa de 12°C.
Mais adiante
passamos pela usina do gasômetro, um prédio de arquitetura antiga e beleza
peculiar. Eu procurava manter a tangente do percurso, observando a lenta
aproximação com o Marco. Estava com um certo receio de alcança-lo, pois ele
poderia aumentar o ritmo para uma velocidade que não seria interessante para
mim. Levei alguns quilômetros até decidir que estava no momento de emparelhar.
A essas alturas estávamos entre os km 11 e 12.
Cumprimentei o colega, e a
partir dali passamos a correr juntos. Passamos a fazer uma média um pouco mais
veloz que 5:40/Km. Eu estava me sentindo bem e sabia que tudo estava favorável.
Sabia que já tinha treinado naquelas situações, e não estava fazendo nenhuma
loucura. Em alguns momentos o Marco me alertava para darmos uma maneirada, mas
eu não estava preocupado em poupar, já que para mim era aceitável fazer um
final mais lento.
Passamos a
meia maratona sub-2h. Àquelas alturas eu sabia que se mantivesse aquela média
poderia fechar a prova sub-4h. Mesmo assim, ainda era muito cedo para esse tipo
de projeção. Tinha muito chão pela frente.
Há um certo
tempo atrás, provavelmente mais de um ano, eu estava conversando com o Hideaki
e afirmei com todas as letras que, na minha avaliação, eu provavelmente nunca
faria uma maratona sub-4h. Foi uma avaliação realista. Eu imaginava que mesmo
com todas as condições favoráveis, não seria possível eu fazer duas meias
sub-2h direto, sem intervalo.
A mesma
afirmação eu repeti para o Beto minutos antes da largada, quando ele previu que
eu fecharia em menos de 4 horas. Eu disse que era praticamente impossível um
sub-4h, mas parece que meu amigo tem mais fé que eu rsrs.
Voltando à
prova, eu estava me sentindo bem. Correndo com o Marco, em alguns pontos nós
víamos a esposa dele, a Luciana, que tinha largado 15 minutos antes. Logo nós a
alcançaríamos, e isso aconteceu por volta do km 27. Nesse momento o Marco deu
uma esticada, acelerando o ritmo para alcançá-la, enquanto eu mantive o meu e
acabei ficando uns 20 metros para trás.
Eu imaginei
que ele conversaria com ela e esperaria por mim. Mas depois de alcançá-la e
conversar, ele voltou ao seu ritmo e eu acabei ficando para trás. Normal. Cada
um faz a sua corrida, e eu tinha consciência da minha. Mas de certa forma isso
me pareceu uma quebra de contrato não formal.
Cerca de 1
km à frente eu votei a emparelhar com ele, mas resolvi apertar o passo. Ele
voltou a pedir prudência, mas eu avisei que a partir dali eu faria algumas
parciais fora do padrão. Além de retribuir a esticada anterior, eu também
queria avaliar como estavam as minhas condições, verificar se conseguiria
manter um ritmo forte no final, e ganhar alguns segundos de gordura para um
possível sub-4h. Estávamos nos aproximando do km 30, e já não faltava tanto
para o fim. Senti que estava motivado e que poderia correr um certo risco controlado.
Acabei abrindo uma distância do Marco, e rodei a cerca de 5:25/Km até o km 34. Nesse
trecho de ritmo mais intenso eu já tinha decidido que tentaria a marca antes
“impossível”. Faltavam cerca de 10Km para a chegada e eu sentia que, a essas
alturas, já seria possível alcança-la. Passei muitos corredores que antes iam no
mesmo ritmo que eu. Eu estava com “sangue nos olhos”, concentrado, focado,
determinado e feliz.
Pouco depois
do km 30 ingeri meu quarto sachê de Exceed Gel, tomei Gatorade e segui em
frente. Faltando 9km o percurso faz um retorno para beirarmos o rio Guaíba, e
logo em seguida consegui ver o Marco na via paralela, permitindo que eu tivesse
uma noção mais clara da distância que abri em relação a ele. Nesse trecho de
retorno, percebi que uma sombra me acompanhava. Como tinha acabado de ver o
Marco, sabia que não era ele. Eu ia no meu ritmo “faca nos dentes”, e não me
incomodei com o outro corredor na minha cola. Tentei manter o mesmo passo, sem
acelerar nem diminuir. O cara ficou um longo trecho no meu calcanhar. Até
quando eu desviava de corredores mais lentos ele continuava no vácuo. De certa
forma isso até me motivou, e não incomodou.
Depois do km
34 começou a bater um pouco de cansaço, e comecei a fazer as contas de que, se
mantivesse uma média de 6:00/Km ainda daria sub-4h. Fiz 5:37, 5:40, 5:47, 5:46,
5:50, nitidamente diminuindo o ritmo e mantendo um tempo aceitável para o
sub-4h. O colega que tinha me acompanhado finalmente me passou. Conversamos um
pouco e ele continuou forte. Infelizmente comecei a sentir que meu estômago
estava começando a se manifestar, o que me levou a tomar a decisão de não tomar
mais Gatorade, nem água, nem gel. Nesse final de prova, aquela avenida ao lado
do estádio do Beira Rio parece uma subida sem fim. Dá para perceber que a
inclinação é mínima, se é que existe, mas àquelas alturas qualquer degrauzinho
parece uma muralha.
Entre os km
40 e 41 senti um mal estar mais forte, uma ânsia de vômito que foi aumentando
até ficar quase insuportável. Por conta desse mal estar, acabei
"parando" (ou seja, andei por alguns segundos) para me recuperar. Mas
não perdi a tranquilidade, pois já estava preparado para isso, e consegui me
recuperar rapidamente sem comprometer em nada. Esta parcial foi, obviamente,
minha pior: 6:23. Mas a recuperação foi excelente e fiz o último quilômetro
cheio em 5:47, fechando a maratona oficialmente com o tempo líquido de 3:57:18.
Na região da
chegada estavam a Daniela e João Vitor, esposa e filho do Beto, e o Tiago,
irmão dele. Ainda consegui fazer uma pequena festinha para eles, mas eu já
estava bem cansado e nem consegui fazer uma chegada muito forte ou animada.
Mesmo assim, fiquei muito feliz pela grande marca conquistada. O único problema
era o cansaço mesmo. Algumas pequenas dores também se manifestaram durante a
prova e depois da chegada, mas nada que mereça um registro específico.
A hidratação
durante a prova estava presente com muita frequência. Eu sempre procurava tomar
um gole em todos os postos, exceto quando eram muito perto, normalmente após o
Gatorade. Após a chegada eu peguei uma garrafinha de isotônico, mas fui tomando
bem devagar porque estava um pouco preocupado se iria cair bem. A organização
disponibilizou várias frutas e água para os corredores que finalizavam a prova.
Voltei à
região da chegada e conversei um pouco com o pessoal, mas logo já comecei a me
organizar para retornar ao hotel. Após uma pausa em um banquinho da região, peguei
meu agasalho no guarda-volumes e me dirigi ao local das vans. Não demorou muito
para lotarmos o fretado, de forma que cheguei ao hotel com uma boa folga de tempo
antes de sair para o aeroporto. O banho de ducha foi ótimo para a recuperação.
Tomei uma coca 600ml com M&M e logo já estava me sentindo recuperado.
Infelizmente
não pude usar o transporte entre o hotel e o aeroporto, pois o primeiro horário
era 15h e isso daria problema para o meu embarque.
Já no
aeroporto fui providenciar meu “almoço” no Mc Donald’s, com direito a derrubar
a bandeja no meio do saguão rsrs. Contabilizando os 700ml da nova coca-cola,
fiquei com um saldo de mais de 1 litro de refrigerante, sem contar o Gatorade e
um monte de água que fui bebendo de tempos em tempos. Realmente eu estava
precisando repor uma quantidade razoável de líquidos.
Voando pelo
céu entre Porto Alegre e Guarulhos, com escala em Florianópolis, fui ouvindo
música gospel e agradecendo a Deus pela alegria que Ele me proporcionou nesse
fim de semana. Em todos os aspectos deu tudo certo, foi tudo perfeito, e este
realmente era meu dia. Deus resolveu me dar um presente e disse: "Fabão,
hoje vai dar tudo certo pra você". Valeu, Deus, você é demais!
Certamente
esse resultado também é fruto de muito treino e experiência adquirida ao longo
dos anos. Agradeço também ao incentivo de tanta gente que se manifestou de
várias formas. As informações compartilhadas no fórum Runner Brasil e internet
em geral também ajudaram muito. A organização também tem sua parcela de
"culpa" nessa vitória.
Agora vou tirar alguns dias de folga,
provavelmente umas duas semanas de atividades bem leves, e depois volto a
planejar o próximo desafio, que será em janeiro.
Minha marcação pessoal (marcação a cada 3Km nas placas, que na maioria das vezes não batia com o GPS) 1- 17.00 (3Km) 2- 16.33 (6Km) 3- 16.13 (9Km) 4- 16.15 (12Km) 5- 17.31 (15Km - 1:23.31) 6- 17.02 (18Km) 7- 16.52 (21Km - 1:57.26) 8- 17.01 (24Km) 9- 17.00 (27Km) 10- 16.22 (30Km - 2:47.49) 11- 16.44 (33Km) 12- 16.13 (36Km) 13- 17.15 (39Km) 14- 19.17 (42,2Km - 3:57.17) GPS: http://www.endomondo.com/workouts/204076615/8052989
Fui correr esta prova com um objetivo: bater minha melhor marca na meia maratona.
Oficialmente eu tinha 01:56:28 na 12ª Meia Maratona Corpore (2011). Extra-oficialmente, 1:50:37 na 19ª Maratona Pão de Açúcar de Revezamento (outra 2011). Esta última foi uma prova com percurso aferido oficialmente, mas a cronometragem oficial não considerava minhas duas voltas exatas, e esse tempo de 1:50:37 foi minha marcação pessoal, não podendo ser considerado um tempo oficial. Mas servia como referência do que eu já pude correr.
Agora, quase 2 anos depois, senti que estava preparado para um sub-1h50. É uma marca ousada para os meus padrões, mas eu estava confiante. Uma semana antes eu corri a Abertura do Circuito Corpore na casa de 52 minutos (11Km, pace de 4:44min/km), que foi um ritmo bem forte para mim.
Em plena planilha de treinos para a maratona (originalmente SP, agora PoA), planejei duas meia-maratonas oficiais para tentar um recorde pessoal. E ele já veio na primeira tentativa.
No domingo acordei bem cedo, comi e fui para SP planejando encontrar um bom lugar para estacionar o possante. O local de costume já estava cheio, 1h antes da largada, e os flanelinhas brotavam a todo momento. Para evitar atritos desnecessários, parei o carro bem longe, mas ainda havia bastante tempo e fiquei tranquilo.
Encontrei algumas pessoas antes da largada, procurei uma alternativa às filas gigantescas para o banheiro e, faltando 15 minutos para a largada, fui me posicionar no pelotão. Acabei ficando razoavelmente perto da largada (uns 20 metros).
A buzina soou pontualmente às 7:30 e parti para meu desafio pessoal. O começo é um estudo das condições reais, como o corpo responde ao ritmo proposto, e não posso forçar demais nem aliviar demais. Acabei conseguindo fechar o primeiro quilômetro em um ritmo bacana, pouco abaixo de 5min/km. Mas o segundo quilômetro foi mais forte, e fiquei ligeiramente preocupado em não passar do limite aceitável. Antes da marca de 3 Km há uma subidinha chata que quebra o ritmo, mas não comprometeu. A placa 3 estava caída, e não marquei corretamente esta parcial. De qualquer forma, eu estava um pouco mais rápido que a média planejada, o que era aceitável para dar uma margem de segurança.
Já no minhocão fui mantendo o passo firme e recalculando o planejamento várias vezes. Eu estava me sentindo bem, e a motivação estava alta. O clima também estava muito favorável, com céu nublado e temperatura amena (creio que na casa de 20°C).
Após o primeiro retorno do Elevado, meu colega Rei passou por mim e falou "estava difícil te acompanhar". Claro que foi uma graça da parte dele, que corre muito mais rápido que eu. Mas desta vez a diferença entre nós dois realmente estava visivelmente menor. Ele costuma me passar batido, mas nessa corrida ele foi abrindo vantagem lentamente.
Pelo percurso havia muitos postos de água. Um deles estava na marca de 6 Km, e aproveitei para ingerir meu primeiro gel carboidrato. Eu não estava certo se isso seria uma boa ideia, pois poderia pesar na barriga e comprometer minha prova. Mas não senti qualquer problema, graças a Deus.
Até ali eu vinha mantendo uma média abaixo de 5min/Km e o percurso estava entrando numa série de pequenos trechos de zigue-zague. O trajeto da prova é majoritariamente plano, mas tem várias curvas que não chegam a atrapalhar, e servem até para tirar uma possível monotonia.
Passei a marca de 10 Km na casa de 48 minutos, um ritmo muito bom, que dava uma boa margem para a segunda metade da prova. Na marca de 11 Km comecei a perceber que não seria possível manter o sub-5 min/km até o final. Recalculei o quanto poderia desacelerar, mas este recálculo quase me desanimou, o que percebi a tempo de não permitir uma queda de ritmo muito acentuada.
Não vi a placa de 12 Km, mas o GPS permitia que eu tivesse uma noção do ritmo que estava indo, pouca coisa acima dos 5min/Km. Alguns viadutos quebraram um pouco o passo mas eu sabia que a margem de segurança construída na primeira metade da prova era muito boa, e não desanimei.
Um pouco após a marca de 15 Km tem uma subida chata novamente. Desta vez eu já não estava tão forte como no começo. Reduzi o passo e fiz meu melhor dentro do cenário possível. Voltamos a correr no Minhocão e tudo que eu pensava era em manter meu ritmo dentro do planejado. Queria acabar logo a prova e conquistar meu recorde tão batalhado. Estava tudo certo até ali, eu não poderia estragar tudo no final.
A cada desânimo que tentava surgir eu respondia para mim mesmo que este seria o dia da minha conquista. É impressionante como pensamentos tão opostos surgem com uma força tão representativa. Até em cortar o caminho eu pensei, que absurdo!
De volta à Avenida Pacaembu, talvez a maior reta da prova, faltavam apenas 2 Km para a linha de chegada. Verifiquei o cronômetro, tudo em ordem. Só uma catástrofe (como andar) me tiraria da janela sub-1h50. Tomei cuidado de não querer fazer um esforço final, que poderia economizar alguns segundos do tempo final. Preferi ser cauteloso e garantir o que já estava praticamente ganho.
Ao entrar na Praça Charles Miller novamente e avistar o pórtico de chegada, vislumbrei o marcador indicando 1h45. Que alívio! Alguns segundos depois fechei esta memorável performance, com minha marcação pessoal mostrando 1:45:36. Ufa!
Missão cumprida! Glórias a Deus!
Não me senti esgotado nem com dores relevantes. Sei que fui no meu limite, sem abusar, embora em muitos momentos percebi estar acima do recomendável. Forcei minha performance o tempo todo, só aliviando um pouco em algumas subidas e para tomar água ou gel.
Enfim, tudo colaborou para esta conquista. Talvez algum dia eu até consiga melhorar este tempo, mas não tenho este objetivo neste momento. Estou muito satisfeito com o resultado e talvez este seja o meu recorde para a vida. O tempo dirá.
Lembro que na primeira vez que corri a meia maratona sub-2h eu pensei que não valia a pena tanto esforço. Naquele momento eu não estava feliz. Mas desta vez eu fiz um tempo ótimo e fiquei feliz. Então, se este tiver sido meu melhor tempo da vida, terá valido à pena. Já valeu. O que vier daqui para frente é lucro.
Na 6a feira à tarde fiquei sabendo que iria correr esta prova.
Meu chefe Tom não poderia participar, e me repassou sua inscrição.
No domingo, acordei 5:00, peguei o Beto e o Eduardo (funcionários Walmart) às 6:00 e fomos para a Cidade Universitária.
Lá, transferi a inscrição para meu nome, mas no número de peito ficou o nome do meu gerente.
Como estou no meio do treinamento para a maratona, resolvi correr forte, na casa de 5min/km.
Mas desde o início já fui mais rápido que o planejado, e resolvi manter esse passo mesmo correndo o risco de não aguentar até o fim.
O resultado final foi muito bom.
(Tirando o atraso do blog)
Nadei esta prova sensacional em dezembro, e fiquei muito satisfeito com tudo.
O clima estava excelente, o mar estava perfeito, e eu nadei MUITO bem.
O único ponto negativo foi machucar meu dedo do pé já fora da água, correndo para a chegada. Nada muito grave, apenas feio.
Tempo oficial: 31:23
(Tirando o atraso do blog)
Talvez a última edição desta corrida, pois a prefeitura de SP está desapropriando a área.
Parciais a cada 2,5Km: 1- 11.57 2- 12.25 3- 13.22 4- 12.39 total: 50.24
Percurso, como sempre, muito agradável.
Nado desde criancinha. Comecei a correr por volta dos 15 anos e fiz vários triathlons durante a época do colegial. Na época da faculdade parei completamente. Casei em Jan/1999 e em Out/1999 voltei a correr. Desde então venho participando das provas, sem resultados expressivos, mas minha vitória está em completar.