segunda-feira, 31 de maio de 2010

30/05/2010 - iRun Alphaville

Após a Maratona de SP, em 02/05/2010, eu tirei um período de "férias" das atividades esportivas, mas há cerca de duas semanas eu retomei os treinos de natação e corrida.

No dia 22/05, um sábado à noite, fui assistir à 2ª etapa da Alphaville Running 2010. Eu não estava inscrito, mas na hora deu a maior vontade de correr. Tive que me contentar em filmar um pouco alguns conhecidos que estavam participando:



Ainda sem objetivo definido após a maratona, eu estava me contentando em tentar alcançar a quilometragem do Ricardo Riso na natação. Ele já passou a marca de 100km em 2010, e eu estou chegando aos 80km.
Neste último sábado de manhã eu estava prestes a sair para mais 4,5km nadando quando li, num jornalzinho do bairro, que haveria corrida no domingo de manhã. Quando voltei da ACM, acessei a internet e descobri que poderia me inscrever no local até as 17h. Fui rapidamente até lá e, para minha surpresa, a inscrição que era de R$50 saiu por R$15!

O percurso no site não estava dos melhores, mas deu para ter uma idéia de que haveria algumas subidas chatas. Deixei de lado a ideia de fazer um tempo rápido e fui correr apenas para curtir. Levei a máquina fotográfica na pochete e o resultado é o video abaixo:



Na primeira volta eu fui bem tranquilo e filmando o pessoal. A partir do início da segunda volta eu guardei a máquina fotográfica e fui um pouco mais rápido. Por isso não filmei a segunda volta, só o começo e o fim.

A organização foi eficiente. Não havia placas de quilometragem, mas eu vi no asfalto as marcas de 2km e 4km. Não havia premiação por categoria, somente geral (troféus, não dinheiro). Nos últimos metros eu ultrapassei a moça que chegou em 4º ou 5º geral. O nível dos vencedores estava meio fraco em relação a outras provas maiores.

Fiquei contente de participar desta corrida. Não pelos resultados, mas por correr feliz.

ua

terça-feira, 11 de maio de 2010

Maratona de SP - versão extendida FullHD

Pois é, gente... demorou mas finalmente consegui um tempinho para escrever por aqui novamente.
Sem mais delongas, segue abaixo um relato mais detalhado sobre minha primeira maratona.

A preparação
Algumas pessoas acompanharam aqui no blog minha preparação para a Maratona de SP.
No final do ano passado (2009) eu decidi que em 2010 tentaria correr esta prova, minha primeira nesta distância. Apesar de eu já correr há 10 anos, eu nunca havia conseguido sequer planejar um treinamento sério para esta prova. Eu achava que seria errado corrê-la sem me preparar adequadamente.
No site Runner's World eu preparei uma planilha de 16 semanas de treinamento, iniciando em janeiro.
Minha ideia original era intercalar os treinos de corrida com natação e bicicleta. Os treinos de natação eu até consegui realizar (menos do que gostaria, mas ainda assim em um nível satisfatório), mas os de bike ficaram somente na ideia mesmo. Pelo menos os treinos de corrida foram cumpridos praticamente na íntegra, com algumas adaptações que eu achei pertinentes.
Para quem não viu na época, coloco aqui um dos poucos registros de treino que fiz:


A retirada do Kit
Na semana que antecedeu à prova eu travei uma batalha contra a ansiedade. Felizmente eu venci esta batalha, e tive uma semana relativamente tranquila (muito trabalho, mas pelo menos consegui dormir bem e bastante).
Para não correr o risco das minhas filhas não me deixarem dormir na véspera da corrida, combinei com meus pais de ir dormir na casa deles, em São Paulo. Além do aspecto tranquilidade, também havia a vantagem de eu estar mais perto da prova, e meus pais me dariam carona para o local.
Então, no sábado, fui retirar meu kit e já fiquei em SP (bom, caso alguém não saiba, eu moro e trabalho em Barueri, perto de SP, mas distante suficiente para não ser uma viagem que se faça toda hora).
Após almoçar em casa, me despedi das minhas mulheres e fui para a capital do Estado.
Ao chegar ao Ginásio Mauro Pinheiro deparei-me com uma fila gigantesca, que há muito tempo não via. Não sei se o fato de haver 20 mil inscritos (além da maratona havia corridas de 25Km e 10Km, e uma caminhada de 3Km) ou ser a "última hora" para pegar o kit provocou esta fila, pois a quantidade de atendentes era grande.
Logo que entrei na fila vi o Hideaki ali perto (fora da fila). Como a minha previsão de fila era de pelo menos uns 40 minutos, saí dela para cumprimentá-lo. No fim, foi uma ótima decisão, pois ele me indicou uma outra fila bem menor, para quem já tinha a "declaração" impressa (meu caso). Pelo visto, a maioria dos corredores não tina a tal declaração, pois a fila que peguei tinha apenas 3 pessoas. Me senti um aposentado rsrs
Ainda passei no balcão da Revista Contra-Relógio, onde cumprimentei o Tomaz e a Ciça, conversei com alguns maratonistas que fariam o Desafio das 6 Maratonas, encontrei o Ivo Cantor e esposa, e depois fui para a casa dos meus pais.

Chegou o dia
No domingo, acordei às 6h, tomei café da manhã, conferi os últimos detalhes (percebi que havia esquecido o porta-chip em casa, mas isso não fez falta), e saímos, eu e meus pais, para o Ibirapuera.
Na pochete estilo money-belt eu levava 9 sachês de Exceed-Gel, pois tinha plano de tomar um a cada 5Km, e levava mais um ou dois extras para algum imprevisto.
Ao chegar à região da Assembléia Legislativa, passei o protetor solar (Sundown Sport fator 30 - 5h de duração), peguei minha sacolinha e despedi-me dos meus pais. Embora o Sol já estivesse brilhando, por volta das 7:30 da manhã, ainda fazia frio. Fui agasalhado esperar pelos ônibus que estavam levando os corredores para a largada.
O esquema de transporte estava funcionando de forma organizada, mas as filas eram grandes e os ônibus demoravam um pouco para aparecer. Fiquei uns 20 minutos esperando até embarcar.
Ao chegar à Av. Roberto Marinho, guardei meu agasalho na sacolinha, escondi o celular lá no meio, e deixei o embrulho no guarda-volumes. Em minhas mais de 150 corridas, pouquíssimas vezes usei o guarda-volumes, mas desta vez arrisquei deixar meus pertences lá.
Logo em seguida comecei a caminhar pela região de largada, para tentar encontrar alguns conhecidos, enquanto tomava meu Gatorade de limão. Encontrei o Bezerra, motorista do Safra (onde trabalhei por 7 anos), grande corredor e maratonista. Ele me deu algumas dicas valiosas, entre as quais "não jogar água na cabeça, pois ela escorre até a meia e pode criar bolhas nos pés".
Depois encontrei o Serginho, editor de arte da CR. Ele também me deu algumas dicas legais (como proteger os mamilos) e me desejou boa estreia. Fiquei emocionado quando ele falou para pensar nas minhas filhas, mas ainda não era hora de me abalar.
Ainda faltava cerca de meia hora para a largada e resolvi pegar a fila do banheiro. Demorou, mas consegui dar uma aliviada na bexiga. Depois, percebi que logo à frente havia vários outros banheiros sem fila nenhuma. Enquanto eu ainda estava na fila, visualizei um corredor com a camisa do Marathon Maniacs e identifiquei um personagem do qual já ouvira falar, mas ainda não conhecia: o Esio Cursino.
Antes do horário de largada, passei a vaselina em pasta que tinha levado, para proteger as regiões de maior atrito. Isso foi ótimo, pois corri a prova toda sem problema dessa natureza.
Encaminhei-me para o fundão da largada, o portão branco, última entrada, a dos mais lentos. Lá encontrei o Claudião Dundes, figurinha sensacional que eu queria muito conhecer pessoalmente. (Claudião, cadê a foto que vc tirou?).

Infelizmente, não consegui encontrar o Joka, nem o Guilherme, tampouco os xarás Fabio Matheus e Fábio Namiuti, nem o Jack, o Gerrit, o Dimas, a Mayumi...

Largada
Logo em seguida foi dada a largada. Dizem que teve um tiro de canhão, mas nós estávamos tão longe que eu nem ouvi. Fomos caminhando até a linha de largada conforme a multidão permitia. Foram mais ou menos 14 minutos só para chegar até a largada.
Eu estava muito emocionado. Chegou o dia, pensava. Depois de 4 meses de preparação, alguns sacrifícios, finalmente estava ali, passo a passo, cumprindo meu objetivo. Tentei controlar a parte emocional. Ainda não era hora de me abalar.

O início
A grande quantidade de pessoas no início era um fator complicado, mas como eu já estava preparado para isso, não chegou a atrapalhar.
O sobe e desce das pontes Estaiada e Morumbi também não atrapalharam.
Ao entrar na Marginal Pinheiros fui controlando o ritmo. Tentei seguir o fluxo de corredores próximos, ainda misturados os que fariam 10, 25 e 42Km. Às vezes percebia que as pessoas davam uma pequena acelerada, talvez porque iriam fazer uma distância mais curta, mas para mim não era interessante acelerar naquele momento.
Apesar do Sol brilhando, ainda não fazia calor. Mesmo assim, peguei e tomei água desde os primeiros postos.
Como planejado, eu estava marcando meu tempo parcial a cada 3Km. Minha meta era que ele ficasse na casa de 20 minutos. Até 21 minutos (7min/Km) era aceitável, e menos de 19 minutos já seria perigoso. Passei a primeira parcial em 19.41 e a segunda em 19.42, algo excelente para o início: nem muito rápido, nem muito lento.
Na marca de 5Km ingeri meu primeiro sachê de carboidrato, como planejado.

O tempo passa...
Ao entrarmos na Av. Jucelino Kubichek pudemos visualizar os primeiros termômetros da prova. Marcavam entre 24~25ºC.
Nesta avenida havia a primeira divisão de corredores. Os de 10Km seguiam em frente, e os demais retornavam em direção ao Rio Pinheiros.
Pegamos o Túnel Jânio Quadros, onde muita gente se queixa de ser abafado. Eu não senti problema enquanto estava lá dentro, mas ao sair de lá o ar fresco mostrou que realmente a diferença de temperatura é grande.
Passamos em frente ao Joquei Clube, e ali na avenida "havia um corpo estendido no chão" - um homem se debatendo no canteiro central, já recebendo atendimento médico. Imagino que fosse algum corredor que passou mal, ainda que estivéssemos no início da prova, antes dos 10Km.
Seguimos em direção à Cidade Universitária, mas ainda não entramos nela. Naquela região havia um grupo com muitas pessoas incentivando os corredores, fato raro (infelizmente) durante o percurso.

Praça Panamericana
Cruzamos a Ponte Cidade Universitária e avistamos a Praça Panamericana, onde eu tinha combinado de encontrar meus pais e minhas mulheres durante a prova.
Ali na praça nós, corredores, passaríamos 3 vezes, e eu achei que ali era um ponto legal para minha família me ver correr. Nesta primeira passagem só encontrei meus pais, pois minhas mulheres estavam em outro ponto. Novamente, fiquei emocionado, mas controlei para não perder a concentração.
Pegamos a Av. Pedroso de Morais até a Faria Lima. Enquanto estava indo, vi voltando o Rodrigo Damasceno, outro MM que acabei conhecendo na MSP. No retorno, vi o Claudião firme e forte, cerca de 1Km atrás de mim, mas com um sorriso no rosto e confiante. Ali eu tive certeza que ele chegaria ao seu objetivo de 25Km. Parabéns Claudião!
Na segunda passagem pela Praça Panamericana, novamente visualizei meus pais e não vi minhas mulheres. Ao cumprimentar os velhinhos, combinei com minha mãe que, na terceira passagem, ela passaria protetor solar nos meus braços, pois o Sol já estava queimando e a primeira aplicação estava vencendo.
Logo após deixá-los, poucos metros à frente, vi minhas 3 mulheres (esposa e filhas) do outro lado da praça. Cortei todo mundo que corria perto de mim e fui beijá-las. A Beatriz, minha filha mais velha, estava com a camisa do São Paulo em minha homenagem (embora desta vez eu não tenha corrido com a minha). A Dayane, minha senhora, perguntou se eu passaria por ali outra vez, e indiquei qual era o local da terceira passagem, dali uns 20 minutos. A Karina, minha caçula, ficou super feliz em me ver, e eu fiquei mais feliz ainda em vê-las ali, torcendo por mim. É super raro elas irem às minhas corridas, e a presença delas ali foi muito importante para mim.
Continuei correndo em direção ao Parque Villa Lobos feliz da vida. Minhas parciais de tempo (a cada 3Km) estavam indo muito bem: 19.55, 19.23, 19.16 e 19.15. Fiz o retorno em frente ao parque, que estava lotado, e voltei para a praça.

Metade da prova
Antes de passar pela marca de 21,1Km passei pela última vez na Praça Panamericana, onde fiz uma pequena parada para reaplicar o protetor solar, despedir-me da família e pegar uma garrafa de Gatorade super-gelado com meu pai. Com isso a parcial daquele trecho foi para 20.14 - nada preocupante, por causa da parada.
Passei a marca da meia-maratona com 2:17.26. Logo em seguida, na subida da Ponte Cidade Universitária, caminhei alguns metros para tomar o Gatorade que havia pegado com meu pai. Eu não estava cansado nem com dor. Alguns "puritanos maratonianos" classificariam minha caminhada como um pecado mortal, mas eu nem esquentei a cabeça com isso, pois uma das minhas "cartas na manga" era a chamada "caminhada estratégica", ainda mais se o calor começasse a atrapalhar demais.
Ao chegar ao pico da ponte voltei ao meu trotinho maroto, para em seguida entrar na Cidade Universitária.
Naquela região estavam distribuindo gatorade em copos, e ouvi dizer que havia uma certa confusão para pegá-los, mas eu nem tentei entrar na fila, pois havia acabado de tomar quase uma garrafa inteira. Minha parcial, com aquela caminhada na ponte, foi de 20.18 (embora, a rigor, foram 2,9Km - do 21,1 ao 24).
Na avenida da raia olímpica deu para perceber que muitos corredores estavam em ritmo de final de prova, pois logo adiante era a chegada dos 25Km. Para mim isso não fez muita diferença naquele momento, mas percebi que logo após a divisão onde esses corredores encerravam suas participações, senti uma grande diferença pelo "rareamento" de pessoas na prova. Até ali sempre havia vários corredores por perto, mas depois dos 25Km foi que eu definitivamente entrei na "corrida solitária".
Para complicar, correr na Avenida Escola Politécnica é muito chato e sem sombras. Infelizmente, novamente não consegui ver ninguém conhecido que estava fazendo a prova de 25Km.
A chance de eu desanimar ali começou a tomar forma, mas graças a Deus eu consegui me motivar o suficiente para continuar no mesmo passo. Afinal, aquele era O dia, para o qual eu tinha me preparado por 4 meses. Comecei a aplicar a estratégia do cálculo inverso. Já havia corrido 9 parciais de 3Km. Faltavam apenas 5. Outra estratégia que eu tinha "na manga" era as pequenas caminhadas nos postos de água: eu pegava o copinho, caminhava alguns passos para tomar a água, e voltava ao trote normal.
Não peguei o sachê de GU que estavam oferecendo por ali, pois não estou acostumado com esta marca, e não seria naquele dia que eu faria essa experiência. Continuei com meus Exceed a cada 5Km.
Minha parcial entre as placas 24 e 27 foi, estranhamente, 19.05. Não lembro de ter forçado, acelerado, ou algo semelhante. Talvez tenha sido efeito do Gatorade que tomei no Km21, não sei explicar.

O mal estar
Entrei novamente na Cidade Universitária ainda sem problemas relevantes: sem cansaço acima do normal, sem dores nas pernas (apenas algumas bem fraquinhas na sola do pé, muito raramente), sem cãibras, sem bolhas, sem desânimo...
Mas infelizmente, ao entrar nas alamedas arborizadas da USP, comecei a sentir um pequeno mal estar, uma pequena ânsia que começou a me incomodar. Parecia que a água e o gel que eu estava tomando ficavam "parados" no estômago, sem serem devidamente absorvidos.
Tentei continuar no mesmo ritmo, que estava dentro da "zona de conforto", para ver se os sintomas passavam. Nem eram tão fortes, dava para conviver um pouco com o incômodo. Mas como aquele chacoalhar na barriga não passou, entre os Km 30 e 31 eu alternei alguns trechos de caminhada com outros de trote. Tem gente que relata que esta parte da prova é onde o "urso sobe nas costas", mas não senti urso algum. Senti apenas essa pequena ânsia. No Km 32 dei uma andada mais longa, mas sempre que voltava a trotar a sensação voltava, mesmo quando eu insistia no trote para ver se passava.
Na placa de 33Km havia um segundo posto de Gatorade, onde serviam copos pela metade. Então peguei dois, oras bolas rsrs. Ali também havia uma ambulância (aliás, o atendimento médico estava presente em vários pontos da prova, ponto positivo para a organização, inclusive porque muita gente precisou dele), e aproveitei para pedir um Plasil, para ver se a ânsia sumia.
O atendimento na ambulância foi um teste para minha paciência. Dentro do veículo havia um homem deitado sendo atendido. A mulher que comandava a operação parecia ser médica. Os dois assistentes deveriam ser enfermeiros. Quando cheguei lá, ao perguntar se havia Plasil em comprimido a resposta foi positiva, mas o enfermeiro não conseguiu achar nenhum. A médica perguntou se poderia ser um outro remédio (não lembro o nome, acho que era Dramin), e eu respondi que sim, mas o auxiliar também não achou. Enquanto isso, o outro ajudante apareceu com um saquinho de Mc Donald's - sinistro! Como se não bastasse, esse mesmo cidadão começou a fumar - fala sério! Paralelamente, foram chegando outros corredores, pedindo Gelol, Buscopan, e interrompendo o meu atendimento. Devo ter "perdido" ali no mínimo uns 10 minutos.
Bom, se até ali eu não podia me queixar de dores relevantes, pelo menos saí de lá com uma baita dor no bumbum, pois levei uma injeção de Plasil (acho que foi isso) e até no dia seguinte ainda estava sentindo dor ali. Segundo o enfermeiro, aquela injeção era doída mesmo, pois tinha alguma coisa oleosa, mas eu nem quis saber maiores detalhes. Tchau e volta pra prova...

A caminhada
Bom, a partir dos 33Km eu passei a somente caminhar. Da marca de 27 até o 30 foram 21.11 minutos (só caminhava nos postos de água), e mais 27.21 até o 33 (alternando alguns trechos de caminhada). Mas a parcial do 33 ao 36 foi de espetaculares 43.47 minutos (incluído o tempo parado na ambulância).
Um pouco após sair da USP passou por mim meu velho amigo Reginaldo Camilo, outro corredor que trabalhou comigo no Safra. Ele estava de bicicleta dando apoio aos corredores, levando vários copos de água na garupa. Peguei um copo e trocamos algumas ideias. Ele disse que meu mal estar poderia ser porque eu havia tomado água "quente" (ou seja, não-gelada). De qualquer forma, continuei caminhando e ele seguiu em frente. Aliás, o abastecimento de água no final da prova deixou a desejar: em vários postos a água estava no fim, em pelo menos um deles havia acabado, e quando eu conseguia pegar algum copo, era sem gelo. Algumas vezes peguei o gelo da mesa e misturei com a água do copo, e outras vezes nem tinha mais gelo na mesa.
Quando eu estava na Av. Lineu de Paula Machado, perto do Joquei Clube, parei num orelhão e avisei meu pai que iria atrasar na chegada. Eu tinha combinado dele ir me buscar lá, e não queria que ele se preocupasse. Disse que estava me sentindo bem, que não estava com nenhum problema sério, mas resolvera caminhar por causa do mal estar.
Em alguns momentos, durante a caminhada, pensei em várias pessoas que costumam deixar comentários aqui no blog. Pensei se estava decepcionando essas pessoas, e cheguei à conclusão que este "peso" não era pra mim. Primeiro porque não devo nada a ninguém, senão a mim mesmo. Não estou provando nada. É a minha corrida, e amigos de verdade até puxam a orelha quando necessário, mas também apoiam nos momentos decisivos. Pessoal, agradeço pela torcida, pelo incentivo e pela força. Tenham certeza que vocês estavam lá comigo naquele asfalto quente.
Seguindo meu caminho, passei novamente pelo Túnel Jânio Quadros, desta vez caminhando. Também caminhei por boa parte da JK. Tinha resolvido que voltaria a correr após a placa de 39Km, faltando 3 para o final. Minha parcial do 36 ao 39: 31.52 minutos.

Voltando a correr - Chegada
Passada a placa de 39Km voltei a trotar. Tinha imaginado fazer esses 3,195Km trotando "doa-o-que-doer" e "custe-o-que-custar", mas no fim das contas não foi nada sofrido. Talvez como resultado da injeção do Km 33, talvez pela caminhada regenerativa. Mas eu me senti bem, correndo novamente. Talvez pudesse até ter antecipado o retorno ao trote mas, enfim, eu estava de volta à prova. A temperatura na casa dos 28ºC era irrelevante para mim. Era minha última parcial de 3Km, eu estava motivado (por mais incrível que possa parecer), e ia naquela balada até o fim.
Ao passar pela placa de 40Km, fiquei imaginando se o Fábio Namiuti estaria me esperando na próxima. Havíamos combinado de ele correr o último quilômetro comigo, mas o meu atraso tinha prolongado demais o horário previsto para minha chegada. Se ele estivesse lá me esperando, provavelmente estaria dormindo de tanta demora. Fiquei aliviado ao constatar que ele não ficara até duas e meia da tarde me aguardando. Gostaria de correr com ele, mas o bom senso era que meu atraso era algo praticamente imperdoável.
Inacreditavelmente, no último Km ainda consegui fazer uma ultrapassagem sobre um corredor, fora os que caminhavam. Ainda deu para fazer uma brincadeira com o Rei e a Dri, que estavam indo embora, e segui firme rumo à linha de chegada. Lembrei do Ivo Cantor, sobre dar um pulo na linha de chegada, mas na hora decisiva achei que não era o caso. Espero que não falte oportunidade para eu efetuar tal pulo.
Parcial final: 23.47 (3,2Km) e tempo total líquido 5:24.47
Coloco abaixo o vídeo da minha chegada, com direito a trilha sonora rsrs:


Acabou!
Cheguei ao fim dos 42195 metros contente, até mesmo feliz. Não era exatamente o meu plano inicial caminhar tanto durante a prova, mas era uma alternativa, um "plano B" que eu tinha à disposição.
Acabei muito menos destruído do que imaginava. Fiquei, novamente, emocionado, por concluir minha primeira maratona.
Peguei meu kit, retirei minha sacola no guarda-volumes, liguei pros meus pais e fui encontrá-los. Comecei a sentir uma dor chata nas costas, do lado direito, provavelmente por minha postura torta nos últimos quilômetros. Mas as pernas estavam boas rsrs
Conforme fui esfriando, o cansaço finalmente começou a bater, e as dores foram aparecendo. Mas nada preocupante: no dia seguinte, segunda-feira, fui caminhando normalmente para o trabalho, como sempre faço.
Aprendi várias lições correndo essa maratona. Ainda estou assimilando algumas delas, mas já penso em correr a distância novamente. Não sei quando nem onde, mas algum dia pretendo melhorar este tempo (o que não é difícil, claro), correr com menos (ou nenhuma, quem sabe) caminhada. Por enquanto estou "de férias" dos treinos. Somente alguns bem leves e sem compromisso. Também não estou inscrito em nenhuma corrida. Não quero pensar nisso nesses próximos dias. Mas vou voltar sim, não abandonei.
Só que estou super enrolado na parte profissional. Muito trabalho, nem sei como consegui tempo para escrever este texto enorme.
Também estou atrasado na visita aos blogs dos colegas. Assim que eu conseguir, ponho os comentários em dia.
Bom, é isso. Agradeço, novamente, por todo apoio que recebi.

ua

PS: Conforme eu for lembrando, vou adicionar aqui alguns outros pontos que valem a pena registrar:
- Até o Km 33, onde parei para atendimento médico, eu estava "acompanhando" dois marcadores de ritmo que estavam meio perto de mim. O primeiro eu alcancei antes de chegar no Villa Lobos, e a segunda eu via e perdia, passava sem perceber e era ultrapassado. Após minha parada, os dois sumiram.
- A cinta do monitor cardíaco fez um baita machucado no meu peito. Sinistro!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

02/05/2010 - 16ª Maratona de SP

Versão resumida da minha estreia na maratona:

Nada como ter um "plano B" na manga, para o caso do "plano A" apresentar problema.
No meu caso, com o Sol bonito brilhando no céu, minha única preocupação mais séria se concretizava logo antes da largada.
A temperatura na casa de 28ºC por um lado não estava fresquinha, mas também não era o pior cenário possível. Já treinei com 33ºC, então os 28ºC foram "encaráveis" rsrs.
Mas acho que a irradiação solar incidindo diretamente na pele foi pior que a temperatura do ar.
Bom, de qualquer forma, fui tomando água em todos os postos. Até os 25Km a distribuição de água estava farta. Na marca de 21Km parei um pouquinho na Pça Panamericana para reaplicar protetor solar e pegar uma garrafa de gatorade geladíssima com meus pais. Duas atitudes muito acertadas.
A partir da segunda passagem pela USP a distribuição de água não foi das melhores. Era difícil achar água gelada, e em alguns postos no final da corrida a água tinha acabado.
Perto dos Kms 31~32 comecei a sentir um pequeno mal estar, até mesmo uma certa ânsia. Comecei alternar corrida e caminhada, mas mesmo um trote leve me causava mal estar. A parte física/muscular estava boa, sem dores relevantes e sem cansaço que pudesse comprometer. Mas esse mal estar me fez decidir parar na ambulância do km 33 para tomar um plasil.
O atendimento foi bem demorado, o que me fez perder um bom tempo e quase perdi também a paciência. Fui andando do km 33 ao 39 para ver se melhorava, e de fato melhorei. Em vários momentos eu queria voltar a correr, pois sabia que faltava pouco, mas decidi que só voltaria quando faltassem 3Km. Nos últimos 3Km retomei o trotinho, estilo CQC/DQD (custe o que custar/doa o que doer). Mas nem doeu nada, foi bem tranquilo. Bem lento, mas sob controle.
De qualquer forma, ainda que não tenha sido uma prova excelente, fiquei contente de completar os 42Km mantendo minha integridade física, sem cãibra, sem dores, sem desânimo, sem passar mal. Fazendo uma ilustração, o mal estar foi uma pequena mancha numa obra de arte. Dou nota 7 para minha participação. Acho que em 2011, se Deus quiser, volto para melhorar este tempo.

in zone (4): 3:01.44
avg hr: 153
peak hr: 174
min hr: 105
tot cal: 5281


Trecho    Freq   Parc. Total    
0-3Km     155bpm 19.41
3-6Km     158bpm 19.42 39.23
6-9Km     160bpm 19.55 59.18
9-12Km    162bpm 19.23 1:18.40
12-15Km   164bpm 19.16 1:37.56
15-18Km   164bmp 19.15 1:57.12
18-21,1Km 166bmp 20.14 2:17.26
21,1-24Km 162bmp 20.18 2:37.45
24-27Km   168bmp 19.05 2:56.49
27-30Km   168bmp 21.11 3:18.00
30-33Km   154bmp 27.21 3:45.21
33-36Km   125bmp 43.47 4.29.08
36-39Km   131bmp 31.52 5:01.00
39-42,2Km 161bmp 23.47 5:24.47

Vou tentar escrever uma versão mais detalhada, com as pessoas que encontrei (e que não encontrei), etc.

ua