quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

84a São Silvestre

"copy paste" do meu relato no SportCV - http://www.sportcv.net/cv/fabio.medeiros/Detalhes.aspx?cdEvento=827
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A corrida de São Silvestre é realmente única. Apesar de vários aspectos negativos, como o alto preço (sem contrapartida equivalente), a aglomeração da largada e durante a prova, o horário (onde o calor é complicado), etc... Mesmo assim é uma prova que vale a pena participar, e traz muita satisfação ao superá-la. Talvez o simples fato de superar os aspectos negativos já seja um ingrediente favorável.
Além das características já citadas, também contam a dificuldade do percurso, a distância um pouco acima da média, o calor (que raramente deixa de existir), além de ser uma ótima oportunidade de encontrar pessoas conhecidas, e aproveitar o clima de final de ano para confraternizar com amigos queridos, mesmo aqueles que são mais “virtuais” que “presenciais”.
Nesta última edição, a de 2008, uma série de fatores contribuíram para deixar o cenário bastante indefinido: alguns dias antes da corrida eu peguei uma gripe mais ou menos forte, tratei bem, fiquei quase bom, mas no dia da prova ainda estava com a garganta um pouco ruim. Em decorrência disso minha alimentação não foi 100%, e eu estava me sentindo um pouco estranho, também por causa do calor. O clima, por sinal, foi totalmente imprevisível. Havia possibilidade de fazer um Sol abrasador e também podia chover forte. Por fim, em dezembro fiz poucos treinos porque o trabalho me consumiu todas as horas disponíveis para essas atividades. Diante deste cenário, elaborei uma estratégia modesta para a corrida: não iria tentar um tempo relevante – qualquer coisa entre 1h30 e 1h40 estaria ótimo. Eu sabia que tinha condições de fazer menos de 1h30, mas a São Silvestre não é uma corrida para conquistar bons tempos, e as circunstâncias eram altamente desfavoráveis. Preferi a satisfação de conquistar um objetivo modesto à frustração de não alcançar uma meta mais ousada.
A estratégia seria, então, correr tranqüilamente até depois do Memorial da América Latina, onde se encontra a metade da prova, e depois eu iria avaliar a possibilidade e viabilidade de acelerar o ritmo. Também me preparei psicologicamente para enfrentar o trânsito, tanto na largada como nos postos de água e nos diversos pontos de afunilamento durante a prova. As subidas durante o trajeto também foram mentalmente mapeadas, principalmente as do Largo São Francisco e a da Brigadeiro.
Estratégia traçada e motivação assimilada, fui então para a execução prática do que eu estava teorizando.
No dia 31 acordei mais tarde, aproveitando algumas horas a mais de descanso. Após o almoço também dei uma cochilada breve, arrumei meu material e dirigi-me tranqüilamente à região da Av. Paulista. Castello Branco, Marginal Pinheiros e Rebolças irreconhecivemente vazias. Estacionei o carro um pouco longe, e só fiquei preocupado pois era área de zona azul, mas acho que não valia para este dia.
Passei protetor solar de olho no céu. Apesar do calor, havia muitas nuvens e, de vez em quando, aparecia uma brisa agradável. Ocasionalmente também aparecia o Sol, deixando em aberto a possibilidade de termos uma corrida castigada pelo astro.
A caminho do local de encontro, no calçadão ao lado do banco Real, fui tomando Gatorade e encontrei um casal de amigos que estava com a filha. Conversamos um pouco e segui meu caminho. No lugar combinado encontrei vários conhecidos, que vou tentar enumerar: Jack, oBeto e aBeta, Sérgio Berrettini, Rei, Dri, Taffa, Ivo Cantor, Rodrigo, Keniano, Sally, Bond, Vladimir, Góes, Seneval, e outras pessoas que conheci na hora. Dos previstos, só faltou mesmo encontrar o GMaio. Muito legal conversar com esse pessoal bacana.
Dada a largada, demora um tempo para o pessoal começar a se mexer. Normal. Fiquei conversando um pouco com o Seneval, que estava correndo sua primeira São Silvestre. Quando o bloco humano começou a se movimentar, fomos lentamente andando em direção à linha de largada. Apareceram o Bond e o Vladimir e, depois, o Ivo Cantor. Todos eles sumiram no meio das 20 mil pessoas que tentavam começar a correr.
Passei o primeiro km com pouco mais de 6 min, o que por um lado era um tempo lento, mas por outro lado era bem menos lento do que eu estava prevendo, considerando as circunstâncias. O segundo km foi pouco abaixo de 6 min, já em pequena descida. Como a estratégia era fazer um início tranqüilo, não me preocupei com essa questão de tempo.
Na Ipiranga passei pelo Taffa, que corria com amigos. Depois, na esquina com a São João, passei pelo Rodrigo, que vestia uma bela camisa com o símbolo do São Paulo.
O primeiro posto de água é bem complicado, mas neste ano a organização aumentou a quantidade de mesas e eu até consegui pegar um copinho. Eu já estava preparado para ficar sem, e aquele refresco adicional veio em boa hora. O clima estava quente, embora eu só tenha visto Sol em um breve momento. Os termômetros de rua marcavam 25ºC na Paulista e 28ºC nas demais ruas. Eu estava transpirando bastante, e fiquei um pouco preocupado se aquele calor não poderia me causar algum mau.
Na alça de acesso ao minhocão houve o tradicional afunilamento, somado ao fato de ser a primeira subida após várias longas decidas, reduzindo consideravelmente o ritmo. Naquela altura da prova eu estava marcando as parciais de forma a calcular o saldo de tempo que eu poderia gastar na subida da Brigadeiro. A conta era basicamente fazer uma média de 6min/km, calcular quanto eu estava abaixo desta média, e esta diferença poderia ser usada para, eventualmente, fazer parciais acima de 6mim/km na Brigadeiro.
No final do minhocão presenciei uma cena Inusitada: literalmente pulou diante de mim o Leo, da Nossa Turma, que tinha corrido o minhocão na outra pista e estava voltando à pista certa.
Passada metade da prova eu estava com pouco mais de 1 min de saldo, segundo o cálculo explicado a pouco. Eu estava me sentindo razoavelmente bem, ainda que precisasse tomar cuidado com o calor. Na região da Rudge e Rio Branco bati na mão de várias crianças à beira do percurso. Este trecho também conta com algumas pequenas subidas nos viadutos. Estrategicamente eu reduzia um pouco o ritmo nas subidas, e depois retomava. Na Rio Branco, após o Góes me passar como uma flecha (o que ele estava fazendo ali?), eu corri um tempo junto com um garoto que vestia a camisa do Pato. Esse “duelo” ajudou a melhorar minha média de tempo. Passei a marca de 10Km com cerca de 58 min, e os 12 Km com 1h09, já no pé da Brigadeiro, onde passei a Dri. Foi então que busquei minha motivação mais forte, para a hora da definição e do desafio. Pensei nas minhas filhas e agradeci a Deus por me fortalecer. Apertei o passo e encarei a subida de cabeça erguida.
Não vi a placa de 13 Km, e passei o km 14 com 1h21 e alguns segundos. Ou seja, não precisei usar o saldo acumulado. Ainda peguei o último copo de água no topo da Brigadeiro, joguei na cabeça, braços e costas, e aproveitei o refresco para fazer um bom final de prova, fechando em 1h26min50s no meu relógio, 1h26min54s na apuração da organização. De qualquer forma, meu melhor tempo desde 2000. Considerando todas as circunstâncias, fiquei muito contente e achei um resultado excelente, para mim.
Avaliação final:
Saúde – entre 90 e 95%
Clima – 70%
Encontro com os amigos – 99%
Estratégia – 100%
Motivação – 100%
Resultado – 110%

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