terça-feira, 24 de janeiro de 2012

08/01/2012 - Maratona Disney


Tirando o atraso do blog. Parte 2
Após um longo período de treinos focando minha participação nesta maratona, finalmente chegou a hora.
O período de planejamento e preparação daria vários parágrafos que não vêm ao caso agora. Posso resumir em dois pontos:
1) O foco principal na viagem não era a corrida. Por isso, qualquer problema na corrida não poderia comprometer o resto da viagem, principalmente no que estivesse relacionado à diversão das minhas filhas (este ponto sim, era o principal da viagem).
2) Minha preparação me deu muita segurança sobre minhas reais condições de correr esta maratona. Ainda que eu ainda possa evoluir bastante, estou de certa forma bem preparado.
Cheguei a Orlando no dia 4, quarta-feira, à tarde. A viagem de avião, umas 12 horas, com mais 5 horas de escala no México, foi bem cansativa, mas nos dias 5 e 6 já fomos aos parques. Não podíamos desperdiçar nosso precioso tempo lá.


No sábado, dia 7, fui à feira da maratona pegar meu kit. Muito bacana e organizado.
À noite comprei meu “café da manhã” que comeria antes da prova. Dormi cedo e acordei às 3:30. Me troquei, fui ao banheiro e saí do hotel às 4:00. Um pequeno congestionamento para chegar ao Epcot, mas às 4:30 já estava com o carro estacionado. Enquanto comia meu sanduba e tomava suco de laranja, li em um panfleto algo como “se até às 5:00 você não estiver na área de largada, não poderá largar”. Fiquei preocupado, comi o que faltava com uma certa pressa, e nem comi outras coisas que tinha levado, pois sabia que demorava um tempo entre o estacionamento e o local de largada.
E realmente levei cerca de meia hora nesse percurso. Talvez esse tenha sido o único ponto falho na organização, pois éramos obrigados a passar por um caminho estreito e lotado de pessoas, o que deixava o passo extremamente lento, com várias paradas.
Mesmo assim, ainda cheguei ao meu curral 10 minutos antes da primeira largada (a minha foi a terceira, com diferença de exatos 4 minutos entre cada uma). Ou seja, mesmo com a lentidão, ainda cheguei a tempo e não tive qualquer problema.


O clima estava bem frio às 5:30. Vesti uma camisa de manga comprida por baixo da camisa do São Paulo (manga curta). Também usei uma faixa para cobrir a testa e as orelhas. O conjunto de shorts e bermuda foi o tradicional que uso nas corridas no Brasil.
Ainda estava noite fechada quando larguei. Sem aquecimento e sem saber quais eram minhas condições reais para correr, fiz um ritmo despreocupado nas primeiras milhas. Minha questão principal era calcular de cabeça qual deveria ser meu ritmo em minutos por milha, já que estava acostumado em minutos por quilômetro. Ainda que eu já tivesse feito esse cálculo em planilha, não lembrava os números certos e achei mais garantido recalcular. Minha marcação pessoal a cada 3km passaria a ser a cada 2 milhas. O ritmo entre 6:00 e 6:40 por km deveria ficar entre 19:18 e 21:27 a cada 2 milhas.
Meu objetivo original era tentar qualquer tempo menor ou igual 4h30. Minha primeira parcial de 2 milhas ficou em 21.08, projetando algo perto de 4h40 de tempo total. Eu sabia que estava lento, me testando, e não havia problema naquela primeira parcial lenta.
Conforme eu fui me sentindo mais confiante, passei a imprimir um ritmo mais rápido. A segunda parcial, na marca de 4 milhas, ficou em 20.05, cerca de um minuto mais rápido que a anterior. Na terceira parcial, 19.19, comecei a achar que estava empolgado demais, pois estava quase rompendo a barreira dos 6 min/km. Um pouco imprudente para uma maratona, no meu caso.
Mas nessas alturas minha confiança superou a prudência, e a quarta parcial foi de 19.11. A quinta foi 18.59, seguida de 18.24 e 18.05.
Passei a meia maratona na casa de 2h07. E estava me sentindo bem.


O Sol já subia no horizonte, mas o ar continuava frio. Muita gente descarta os agasalhos pelo caminho (quase peguei uma luva Nike para mim rsrs), mas eu achei melhor continuar com minha manga comprida, e acredito que foi melhor assim mesmo.
Pelo percurso há muita gente torcendo. Há também trechos mais desertos, mas sempre com atrações da Disney para animar os corredores. O mais interessante são os corredores que fazem fila para tirar fotos nessas atrações, e em seguida voltam para a corrida.
A largada ocorreu, como escrevi, nas proximidades do Epcot. Em seguida, após uma rápida passagem por esse parque, vamos em direção ao Magic Kingdom, depois passamos pelo Animal Kingdom, pelo Hollywood Studios e, finalmente, voltamos ao Epcot para a chegada.
A região do Animal Kingdom foi a mais insuportável. Havia um cheiro bem horrível no ar. Imagino que fosse algum adubo orgânico que estavam usando por ali.
Para compensar, alguns cenários de orvalho congelado, evaporando conforme o Sol aquecia a superfície, lembravam o filme Forrest Gump. Indescritível, lindíssimo!


Minhas parciais nas marcas de 16 e 18 milhas oscilaram um pouco: 18.24 e 19.11. Ambas ainda abaixo dos 6 min/km.
Os postos de Powerade e água eram abundantes. Não gostei do Powerade mas tomei algumas vezes, preocupado em repor o que perdia na transpiração. Levei 7 sachês de Exceed Gel (carboidrato), que ingeria nas milhas múltiplas de 4 (não com tanto rigor no final). Os copos abertos demandaram uma certa habilidade motora na hora de tomar os líquidos. Usei a dica de dobrar a borda do copo, fazendo um bico, para facilitar. Mesmo assim, o trote provocava alguns pulos da água, molhando um pouco o rosto, e quase entrando no nariz. Mas nada grave.
A marca de 20 milhas é famosa dentro da maratona. Embora já estivesse sentindo um pequeno cansaço, passei por ali com uma marca boa. A parcial foi de 19.01. Mas o Sol começou a desgastar um pouco, e a partir dali a motivação e a força psicológica começaram a ser cada vez mais importantes. Embora o percurso seja predominantemente plano, qualquer ladeirinhazinha passou a ser uma subida razoável, mas eu continuei trotando porque não queria andar.
Comecei a utilizar a estratégia da contagem regressiva: “faltam 6 milhas”, “faltam 5”, “4”, “3”...


As parciais continuaram oscilando, mas ainda eram tempos bons: 18.48 na placa de 22mi.
Faltando 3 milhas comecei a me sentir mais cansado ainda. A parte física estava chegando no limite, mas a psicológica estava forte, pois faltava pouco. Se eu continuasse trotando, ainda que lento, poderia fazer algo em torno de 4h15. Meu pensamento, a certa altura, era apenas “just keep running”. E fui indo, naquele trote já não tão consistente, mas ainda era um trote. A parcial na placa de 24 milhas foi de 20.42.
Eu já estava na região do Epcot. Sabia que faltava pouco, bem pouco. O corpo pedia para andar, a cabeça mandava trotar. Faltava pouco, estava chegando. Tanto treino, tantos meses, tantos quilômetros rodados. Eu buscava com os olhos visualizar alguma edificação conhecida, em especial o globo da entrada do parque.
Não vi a placa de 25 milhas, a única que perdi (nem sei se havia, mas não tenho condições de saber). O fato é que quando cheguei ao lago do Epcot, aquele imenso lago rodeado pelos países do parque, e vi gente correndo por todo entorno, até láááááááááá no fim do lago, minha motivação foi para as cucúias e passei a andar.
Tirei a faixa da cabeça, tirei a camisa de manga comprida. Ambas ensopadas de suor (é tão engraçado espremer o tecido e escorrer suor como se tivesse deixado debaixo da torneira!).


Não me senti mal por não ter conseguido completar correndo. Era algo que eu não desejava, mas não comprometeu tanto assim. Pelo menos serve para eu saber que ainda preciso melhorar.
Perto do Spaceship Earth (aquela bola gigante na entrada do Epcot) um amigo me viu e me cumprimentou. Eu nem sabia que ele estaria ali! Fiquei feliz. Voltei a trotar. Faltavam menos de 500 metros. O coral gospel perto do final é lindo, mas nem deu para curtir. Passei a linha de chegada com um pouco menos de 4h21. Fiquei feliz e satisfeito com o resultado, mesmo com a caminhada na última milha. Ritmo médio de 6:11 min/km.
Marcação pessoal a cada 2 milhas:
1-21.08
2-20.05
3-19.19
4-19.11
5-18.59
6-18.24
7-18.05
8-18.24
9-19.11
10-19.01
11-18.48
12-20.42
13-29.25


A medalha do Mickey me surpreendeu pelo tamanho e pela beleza. Um dourado absolutamente lindo!
O atendimento após a chegada é excelente. Também, pelo preço (salgado) da inscrição, realmente deveríamos ser tratados como reis. E fomos. Cobertor térmico (nem estava mais frio àquelas alturas), frutas, água, refrigerante, barras energéticas. Dava para ter almoçado ali.
Mas fui embora logo, pois ainda tinha compromisso com minhas mulheres.
Voltei para o hotel dirigindo, sem problemas. Embora estivesse com algumas dores ao andar, conforme o corpo ia esfriando, a recuperação na piscina ajudou e, depois do banho, ainda levei minha esposa a um outlet, e depois fiquei com minhas filhas o resto do domingo. No dia seguinte, fomos a outro parque sem problemas.


Fato curioso 1: na véspera da corrida, após já ter retirado o kit, meu único relógio que levei na viagem quebrou a caixa na altura da emenda com a pulseira. Fui a uma loja de relógios, onde constatamos que não era possível consertar (a pulseira estava boa, o problema era a caixa). Tive que comprar outro relógio para não ficar sem informação de tempo durante a corrida.

Fato curioso 2: antes da largada, ainda no estacionamento do Epcot, havia uma região com vários banheiros químicos, com filas gigantes em cada um. Como eu estava com pressa, passei reto e fui em direção à estrada onde estava a largada. Acabei fazendo o último “número 1” num matinho que também era utilizado por vários outros colegas corredores. Se eu tivesse parado naquele primeiro banheiro, provavelmente chegaria atrasado à largada.

Fato curioso 3: no final da prova, antes do Epcot, quando qualquer subidinha vira uma escalada, havia um pequeno aclive onde estava um personagem do Toy Story, um soldado verde que berrava ordens no estilo militar: “give me this hill, soldier”. Esse tipo de incentivo realmente funcionava, e foi muito bom pra mim.

Caso tenha curiosidade de ver a feira da maratona, coloquei um pequeno vídeo no Youtube:


Registro oficial:
FABIO MEDEIROS #3373
BARUERI, BRAZIL
Age: 37 Gender: M
Distance MAR
Clock Time 4:29:29
Chip Time 4:20:38
Overall Place 3250 / 13504
Gender Place 2320 / 7176
Division Place 447 / 1244
Age Grade 48.1%
5 Mile Split 0:50:57
10 Mile Split 1:38:36
Half Split 2:07:09
20 Mile Split 3:11:47


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Dicas para quem quer correr a Maratona Disney (planejamento, inscrições, hospedagem, etc)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

31/12/2011 - 87ª São Silvestre

Tentando tirar o atraso do blog. Parte 1
Última corrida do ano, minha 14ª São Silvestre, um evento para encerrar um ciclo de treinos e provas, para descontrair e se divertir.
A mudança no percurso, com chegada no Ibirapuera, não me incomodou a princípio, mas quando cheguei a esta nova região comecei a ter alguns problemas.
Embora tenha chegado cedo para estacionar o carro onde sempre paro, um local até meio afastado do Obelisco, a área já estava bem cheia de veículos. Ainda consegui um lugar bom, mas um flanelinha colou ao meu lado bem rápido. Fiquei enrolando dentro do carro para ver se ele se tocava e ia embora, mas não teve jeito. Como previ que a cena ficaria feia, coloquei todos objetos de valor na mochila e não deixei nada dentro do carro. Bati boca com o cidadão, tentando intimidá-lo mais do que ele tentava me intimidar, e acho que ele deve realmente ter ficado com medo, pois acabei não tendo nenhum outro problema além do aborrecimento.
Fui andando até a Paulista, uns 20 minutos acompanhado por uma moça que estava meio perdida e acabou me seguindo até a largada.
Ao lado do antigo Banco Real encontrei alguns colegas. Eu queria filmar o novo percurso, como em 2010, mas cinco minutos antes da largada começou a chover, e acabei abortando esse plano. Para 2012 já providenciei uma máquina à prova d'água :D
E lá fui eu conhecer o novo percurso da São Silvestre.
A primeira mudança foi muito bacana. A melhor, na minha opinião. Passar pelo túnel que liga a Paulista à Dr. Arnaldo, com milhares de pessoas gritando, foi sensacional. Uma energia tremenda!
A descida em direção ao estádio do Pacaembu não foi tão ruim como disseram que poderia ser. O tobogã ao lado do estádio adicionou um elemento mais técnico à prova. Mais adiante havia uma barriga nova no percurso, o único ponto que realmente não gostei, mas nada grave.
Perto do Memorial da América Latina voltamos ao trecho igual ao de 2010. A chuva deu uma parada. Até pensei em filmar a partir dali, mas como a chuva voltou um pouco depois, acabou ficando sem registro mesmo.
Sem acontecimentos relevantes a partir de então.
A sensação que tive era de estar correndo uma prova comum. Não a São Silvestre. A corrida ficou descaracterizada, perdeu a identidade. Não teve nada que a diferenciasse ou tornasse especial.
Meu plano original era fazer um ritmo modesto, mas no fim das contas acabei acelerando um pouco, pois queria acabar logo e ir embora. Meu tempo líquido foi na casa de 1h25.
A praça do Obelisco, após a linha de chegada, virou um grande lamaçal, fato que literalmente sujou a imagem da prova.
A chuva torrencial que caía no final da prova e após seu término causou alguns aborrecimentos, mas para mim foi o menor deles. Saí de lá bem menos feliz do que gostaria, mas já superei. Pelo menos, não tive nenhum problema sério.
ua